30 janeiro 2006

ainda ao título e a toda letra que antecede: O PROJETO, ESTE PROJETO

sem forma
só o desenvolvimento desordenado
tumor urbano
não, não falo de favelas
que são ruínas por excelência
ainda que construção
falamos de galhos sem tronco
aranhas que voem
pano encharcado
é contaminação, doença, inchaço
pluriformidades
gangrenas, pétalas de pele que vestia um corpo
inscrição desfiada
embutida noutra espécie de suporte
este mesmo
vire a página!
limpe a gordura dos dedos
desenhe um coração
e o que fica?
o esboço sem forma
um solar e esférico esforço
uma minúcia inexistente
nenhum ruído que ecoe

17 janeiro 2006

ventos em equilíbrio



achei essa imagem (num site indicado pela dona Dalila) a nossa cara.

um prazer delicado e violento. peso e leveza.

{desenformem um poema disso, eu peço.


13 janeiro 2006

Desordem aqui dentro: ao título

A coisa pequena,
minimamente imersa nessa solidez ambígua,
encravada nessa irregularidade epidérmica,
quase epidêmica,
uma vez que é sabida a volubilidade das palavras.
Puxa-vem, feito convite irrecusável, ordem e poder.
Desordem!
Penso na música.
A mesma do título.
Penso nas coxas duras e em o que há
Naquela transa, dentro daquela paz.
E o que continua.
A coisa pequena,
Um certo deboche no canto dos lábios,
Mal dissimulado nos olhos.
Aí está toda nossa franqueza,
Nessa obliqüidade nítida:
Obtusa convergência.
Depois da antiga virgindade,
Mais desordem.
Mais ruína.
E ainda mais construção.

12 janeiro 2006

Teste entre ruínas: ensaio de um início

Em um caderno antigo, impregnando de nostalgias ainda mais anciãs, à imundície do mundo virtual, cujas páginas não amarelam nunca, mas desaparecem de vez, contrariando todas as filosofias. [Há algo como o medo dessa existência deletéria.]

E, como toda imundície fascina, pelo cheiro de vida que exala sua sujeira, eis-nos aqui de novo, mais longe e mais perto. Feito fumaça. Um vapor sem temperatura. Nessa nossa ressaca inevitável de tudo o que já passou. Um resto de embriaguez que aqui se revela. Um tanto de fingimento sincero. E vice-versa. Contra-senso. Teimosia. Teimosia, acima de tudo.