A pulsão de mexer os dedos sobre esse teclado macio e mexer os dedos sobre a tela, mexer os dedos sobre tudo o que for macio e aceitar de vez o meu toque duro de sede e mexer meus dedos sobre a pele e cravar minhas unhas sobre o que escorrega e deixar sangrar os ossos e sangrar os olhos e ver sobre os dedos as nódoas escuras e chupá-las pra sentir o gosto do pecado para prolongá-lo num sabor amargo na garganta sódica viciada em versos, versos e dedos mal desenhados e ambos tocam a folha de papel virtual que está à minha frente pedindo sempre mais palavras sempre mais esforço sempre mais gozo gozo gozo, e eu me esvazio não porque dou mas porque nego eu me esvazio porque instauro o silêncio aquele que me enche de vácuo porque assim e só assim evito os ecos aqueles ecos que trazem o não-silêncio diabólico da vida-morte e inaugura em mim pessoas longes perto do gosto da sódica, já disse, garganta que pede pecado e recebe o gosto amargo trago trazido de dentro da palavra mal-dita que maldita reteve em si a liberdade dos objetos sem nomes, os dedos.
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