08 fevereiro 2006

para ser lido rápido...

A pulsão de mexer os dedos sobre esse teclado macio e mexer os dedos sobre a tela, mexer os dedos sobre tudo o que for macio e aceitar de vez o meu toque duro de sede e mexer meus dedos sobre a pele e cravar minhas unhas sobre o que escorrega e deixar sangrar os ossos e sangrar os olhos e ver sobre os dedos as nódoas escuras e chupá-las pra sentir o gosto do pecado para prolongá-lo num sabor amargo na garganta sódica viciada em versos, versos e dedos mal desenhados e ambos tocam a folha de papel virtual que está à minha frente pedindo sempre mais palavras sempre mais esforço sempre mais gozo gozo gozo, e eu me esvazio não porque dou mas porque nego eu me esvazio porque instauro o silêncio aquele que me enche de vácuo porque assim e só assim evito os ecos aqueles ecos que trazem o não-silêncio diabólico da vida-morte e inaugura em mim pessoas longes perto do gosto da sódica, já disse, garganta que pede pecado e recebe o gosto amargo trago trazido de dentro da palavra mal-dita que maldita reteve em si a liberdade dos objetos sem nomes, os dedos.

06 fevereiro 2006

a alguém distante de mim

Para quem mora com a filosofia
E que vive, por isso mesmo, sem um peso que não pese
Os dias o atravessam e o que resta são os dias restos
Rastos, dias rastos, constingências rasteiras
Sem marcos, sem mágoas, sem lamúrias de pesar
Um pensamento que vaga com origens sem ouvidos
Que derrama sem vazar
E espalha sem nenhuma ferrugem.