24 maio 2006

the moment when composure returns ou bem vindos ao equilíbrio

depois de alguns estalos, uma (in)certa beleza e uma (in)certa alegria, enfim.

então a gente pega com bastante cuidado cada pedacinho de sorriso, e enche os bolsos com eles, porque sempre o inverno vem. ou volta.

então a gente escuta velhas músicas com ouvidos novos, e reescreve histórias que não se acabam. mesmo que seja um rascunho que vá ficar perdido no canto da gaveta, do lado daquele sabonete rosa, que já perdeu o cheiro.

então a gente toma algo bem quentinho, simulando o aconchego que não se alcança. a gente se enrola nas cobertas, coloca três livros ao lado do travesseiro: a prosa, a poesia e as palavras de jesus. a gente ganha da insônia, e sonha acordado com os anjos. a gente até acredita ao dizer amém.

então a gente faz planos e ri de histórias idiotas. a gente apaga o cigarro e até pensa numa vida saudável. em menos de cinco minutos, já é tempo de gargalhar com a nova piada enquanto se procura o isqueiro: caminhar na lagoa? rá.

então a gente se dá conta do óbvio: "não. não preciso de auto-ajuda alheia". mas a gente se assusta e logo se alegra com qualquer doçura nas palavras. e tem vontade de abraçar forte os amigos. é tão bom dizer obrigada.

então a gente diz obrigada e abraça forte. bota the rollercoaster ride como trilha, e prepara o fade out, ou as reticências.




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perdi a imagem que seria a vedete deste post, ao lado de rollercoaster do belle and sebastian [\0/]. nha. mas segue a legenda da foto ausente:

com vocês (conosco) o equilíbrio. áureo.

03 maio 2006

isto não é uma boa ação ou vai uma náusea aí?

interessante colocar o cérebro pra funcionar às vezes. let's go, então...
corro o risco de chover no molhado ao falar sobre exitencialismo, mas, se for o caso, désolée, vou ter que falar assim mesmo, já que é um assunto fascinante. well, essa corrente me foi apresentada com palavras de precaução do mestre cícero, algo do gênero: "o ministério da saúde adverte: a exposição a pensamentos existencialistas pode trazer danos irreversíveis a sanidade mental".
claro que, depois de sublinhado esse perigo, sartre e camus transformaram-se em nomes muito mais interessantes.. hihi. precisei ler algumas peças e livros desses dois mocinhos pra escola, mas não passou de um contato bem superficial.
infelizmente, ainda passeio por esses campos existencialistas no nível da superficialidade. mas a ousadia de sair a falar de algo que não conheço não é, neste caso, picaretagem. é vontade de compartilhar com vocês o incômodo, a náusea que esses textos despertam.
bom, não precisam me agradecer, porque, definitivamente, isto não é uma boa ação. hehi. realmente não, porque, sem querer entrar em papos de crise existencial, eles trazem questões que dão mal-estar. assumir a responsabilidade da própria vida não é um desafio agradável. nesse sentido, a tão azulzinha e leve liberdade, pode se transformar num fardo: sem um deus, cabe a nós, meramente humanos, carregar todo o peso de nossa existência. e a carga tem que ir nas costas mesmo, sem a ajuda de artefatos ultra-high-tech concebidos pela inteligência humana. (as rodinhas, por exemplo =).
enfim, falei muito mais do que deveria. a idéia inicial era só postar o pedacinho aí de baixo que foi ditado na aula de literatura de hoje. acabou que matei o segundo horário preparando este "aperitivo". espero que ajude na , nham, degustação do prato principal. bon appétit!
"Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz. O existencialismo não acredita no poder da paixão. Ele jamais admitirá que uma bela paixão é uma corrente devastadora que conduz o homem, fatalmente, a determinados atos, e que, conseqüentemente, é uma desculpa. Ele considera que o homem é responsável por sua paixão. O existencialista não pensará nunca, também, que o homem pode conseguir o auxílio de um sinal qualquer que o oriente no mundo, pois considera que é o próprio homem quem decifra o sinal como bem entende. Pensa, portanto, que o homem, sem apoio e sem ajuda, está condenado a inventar o homem a cada instante. "*


* j.p. sartre, em o existencialismo é um humanismo
tradução: rita correia guedes